Mundo Complexo
As empresas passaram a enfrentar um mundo bastante complexo nos últimos 15 anos para continuar entregando serviços e continuarem relevantes para seus clientes, agora cada vez mais digitalizados. Conceitos como VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) ou BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível), passaram a fazer parte do vocabulário da liderança.
Os dois problemas prioritários que se arrastam há anos, segundo o artigo “Maximize the Success of Enterprise Agile: Utilize DevOps as the Accelerator” do Gartner, são: acelerar as entregas e colaboração entre TI e negócios.
As empresas passaram a fornecer o canal App de 10 anos pra cá aproximadamente, o conceito de DevOps estava se consolidando quando Mobile nasceu e Cloud ainda é bastante incipiente frente ao volume de empresas que ainda operam no mundo On-premises. O mundo de desenvolvimento de Software, de lá pra cá, se tornou bem mais fragmentado.
Além de novos canais, novas soluções arquiteturais como Serverless e Microservices, tecnologias como IOT e Edge Computing causam desalinhamento nas entregas por maiores dependências cruzadas entre as equipes e dificuldade de prever bloqueios e impedimentos.
Agilidade Corporativa
Alguns Frameworks foram desenvolvidos para lidar com essa complexidade e garantir a coesão do modelo operacional frente à fragmentação orgânica das informações que afetam a capacidade de entrega das companhias, um desses de grande destaque é o SAFe (Scaled Agility Framework), preparado para lidar com qualquer modelo de entrega de serviços.
CoE (Center of Excelence)
O SAFe possui várias “áreas” ou times para atacar problemas específicos dentro do grande ecossistemas corporativo como: Lean Portfolio Management (LPM) para conduzir as iniciativas e projetos de forma harmonizada com os Value Streams e o CoE chamado de Lean-Agile Center of Excellence (LACE), entre outros (o artigo não pretende exaurir a discussão sobre agilidade corporativa, apenas trazer o preâmbulo para encaixar o C4E).
Um Center of Excellence (CoE) é um conceito já antigo que de forma resumida (e simplificada para este contexto) é uma área ou time para facilitar o conhecimento e compartilhamento dos padrões de governança, boas práticas e garantir um ambiente informativo para facilitar a liderança em todos os aspectos.
A fragilidade do CoE é não combater, e reforçar em alguns casos, a ilusão do controle que áreas tradicionais praticavam e funcionava para entrega de serviços “analógicos”, apesar do LACE prever um formato distribuído em seu formato de CoE, a implementação padrão não reforça o conceito de poder de entrega na ponta (Power to the Edge) dos times multidisciplinares.
Existem alguns problemas difíceis de serem resolvidos, provocados pela mentalidade de centralização vindo da cultura das áreas, os times de produtos tem a dificuldade de visibilidade sobre o plano completo e pouca autonomia para ajustar os processos conforme a necessidade. Isso tudo impacta em desalinhamento do Roadmap com a inclusão de atividades não mapeadas e negociadas.
Mesmo com um CoE distribuído e descentralizado em modelo federado, é pouco efetivo para implementar um “Loop de Feedback” e “melhorar colaborativamente, evoluir experimentalmente” com a flexibilidade para as jornadas que os times de produto precisam.
A cultura centralizadora provoca modelos rígidos com pouca capacidade para ofertar a entrega respeitando o momento do time, do produto e do négócio. Além disso é natural que as áreas administradoras dos recursos padronizem toda experiência em cada jornada (como entrega, observabilidade e operação) em um único modelo.
Um efeito colateral disso, significa que grandes empresas que já são “Scaled Up”, tendem a ofertar apenas um modelo que impede qualquer produto de trilhar as mesmas práticas de validação frequente de hipótese das Startups.
C4E (Center for Enablement)
ApiOps é um movimento patrocinado pelas empresas de API Management trazendo métodos como o APIOps Cycles para dar autonomia para os times coordenarem suas entregas, padronizadas por contratos de API bem estabelecidos, unindo as melhores práticas DevOps dentro do time com o apoio de equipes de plataforma.
Os times de plataformas se concentram em construir estruturas para toda a companhia e com suporte necessário para customizações e versões independentes.
Os provedores de Cloud reforçam a adoção do APIOps e tem fortalecido o conceito com suas visões simplistas de resolver a aceleração da entrega simplesmente usando tecnologias mais flexíveis, mas ainda assim pecando no alinhamento entre TI e negócios que impactam na velocidade com que a mudança de contratos das APIs provocam na entrega.
Ways of Working (WoW) é uma expressão que se tornou comum para representar um modelo operacional colaborativo, no livro Sooner Safer Happier: Antipatterns and Patterns for Business Agility de Jonathan Smart, o autor prega a estratégia de um WoW Center of Enablement.
A MuleSoft é uma dessas empresas de API Management que associou ao modelo de APIOps o conceito de área chamado Centro de Habilitação (Center For Eneblement – C4E) para ampliar a atuação de uma estratégia de governança baseado em APIs.
Um C4E é um time que impulsiona a mudança do modelo operacional de TI permitindo que as divisões de negócios construam, operem e impulsionem o consumo de ativos com sucesso, permitindo assim a aceleração das entregas. O C4E promove o consumo, a colaboração e ajudam a impulsionar a autossuficiência, melhorando os resultados por meio de feedback e métricas.
Também faz parte do C4E evitar que as iniciativas ou Value Streams sejam desdobradas sem o devido acompanhamento de viabilidade técnica, melhorando a integraç!ao entre TI e negócios.
O C4E complementa a estratégia com responsabilidades de Discover (Assessment e diagnostico das melhores soluções), evangelização, governança e mobilização para a ativação, claro, baseado no conceito de API-led.
Alguns Cases de C4E são destaques, como: a implementação da Coca-Cola Company que atingiu um ganho de produtividade em 250%, trocando seu modelo de CoE para C4E; e da Currys PLC (anteriormente Dixons Carphone), gigante europeu de venda de eletrônicos, que aumentou seu Time-to-market em 4x (The Value of Connectivity, Whitepaper, MuleSoft).
ProdOps Escalado
A idéia do C4E no Framework ProdOps é agregar os princípios de engenharia de produtos como direcionador da abordagem de atuação e acoplando as duas jornadas auxiliades do ProdOps ao modelo operacional não somente das equipes, mas das próprias estruturas de LoB (Line of Business).
O centro ProdOps aperfeiçoa as estruturas de TI para entregarem de forma iterativa e incremental as necessidades de plataforma, API e principalmente guiadas por contratos de produto.
O modelo de cerimônias do ProdOps para a produção de planos de confiabilidade e a criação de mecanismos de retroalimentaçõa é introduzido com suporte operacional para entrega de unidades de negócio, alinhando as cadeias de valores com o desdobramento adequada pela visão de produtos.
Diversas empresas iniciaram em um modelo descentralizado sem rigor na operação e sem estratégia de escala, tiveram que adotar um CoE para gerir a construção de plataformas centralizadas e perderam a flexibilidade para times que necessitam da validação frequente de hipóteses, a idéia do C4E é permitir o a abordagem descentralizada com as políticas de governança e maturidade que um CoE entrega.
O C4E cria a capacidade de plugar pequenas equipes que se dividem para conquistar com uma linha operacional coerente e seguindo uma politica de habilitar a capacidade de gestão de produto de forma escalada.
A cultura do C4E garante um modelo próximo da desejável capacidade de construir novos negócios ou evoluir como um nativo digital faz, com a velocidade necessária para atingir o Time-to-market e criar um ambiente de experimentação e validação rápida, respeitando a cultura interna, os papéis existentes e os processos atuais.
O C4E pode conter todas as áreas de Business Agility, avançar para coordenar uma evolução da companhia a partir do conceito de produtos digitais como entrega de seus serviços.
Essa é a melhor abordagem existente para escalar o ProdOps em grandes companhias por sua natureza de habilitação, dado que o ProdOps é habilitar a facilitação da engenharia de produtos digitais.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.